Projetos com apoio FAPERJ

As Religiões Mediúnicas no Rio de Janeiro: entre dois mundos de uma História de perseguições

Resumo: O projeto tem como proposta central analisar criticamente a contestação da legitimidade das Religiões Mediúnicas, com ênfase no Espiritismo, durante o período de transição do século XIX para o século XX no contexto da cidade do Rio de Janeiro. O estudo busca compreender a trajetória dessas práticas religiosas, enfatizando os mecanismos de perseguição, marginalização e criminalização presentes no Código Penal de 1890. Para alcançar tais objetivos, o projeto recorrerá a uma vasta gama de fontes históricas, incluindo documentos oficiais, periódicos da época, processos judiciais e relatos de viagens, a fim de oferecer uma visão abrangente e detalhada do cenário religioso e jurídico. O objetivo principal da pesquisa é a construção de uma historiografia que reconheça e valorize a diversidade religiosa no Brasil, explorando também a importância da laicização do Estado como um elemento fundamental para a convivência pacífica entre diferentes tradições religiosas. A proposta se baseia em uma abordagem inclusivista, que visa promover o respeito ao pluralismo religioso, especialmente no que se refere às Religiões Mediúnicas, historicamente marginalizadas. Um dos principais resultados esperados desse projeto é a criação de um Memorial on-line dedicado às Religiões Mediúnicas, com foco especial no Espiritismo e na Umbanda. Tal iniciativa visa não apenas contribuir para a preservação e disseminação da história dessas religiões, frequentemente relegadas a um plano secundário, mas também atuar como um importante instrumento de visibilização e reconhecimento, honrando a memória de suas práticas e lutas.

Entre o ouro amarelo e o ouro negro: sistema agrário no Sertão do Macacu (1700 a 1800)

Resumo: O projeto busca analisar e apresentar, no recorte temporal 1770 a 1800, a formação de um sistema agrário no Sertão do Macacu, área de exploração aurífera tardia na segunda metade do século XVIII, na capitania do Rio de Janeiro, enquanto política promovida pelo Estado para sua conquista e ocupação. Tal política serviu para a busca de controle de contrabando das supostas riquezas existentes nesse Sertão, ao passo que buscou estabelecer formas de exploração econômica – e cobranças de tributos – que viessem compensar a Coroa dos gastos empreendidos com a repressão de contrabandistas e abastecimento das tropas militares envolvidas nesse processo, bem como das populações que se fixaram nessa região. A conquista e ocupação do Sertão do Macacu se deu em duas etapas, a partir do estabelecimento de uma economia política que transitou da busca de esvaziamento desse Sertão para a sua racional ocupação, através da distribuição de sesmarias que serviram tanto para controlar a exploração aurífera, quanto para promover a produção econômica de gêneros para abastecimento interno. Buscar-se-á perceber redes sociais que permeiam essa ocupação, agregando agentes sociais intra e extra Sertão do Macacu, bem como a presença de aspectos relacionados à ilustração portuguesa. As fontes a serem utilizadas são variadas e foram produzidas por diferentes agentes históricos em Portugal, no Rio de Janeiro, no Sertão do Macacu e nos seus espaços limítrofes. Por fim, a pesquisa busca apresentar esse sistema agrário não como uma fase de “transição,” enquanto uma explicação teleológica para a posterior produção cafeeira da região a partir da segunda vintena do século XIX.

A história espacial do Rio de Janeiro Imperial

Resumo: O presente projeto introduz uma nova abordagem metodológica para investigar o passado com base em tecnologias digitais. O projeto prevê a criação de uma base cartográfica digital histórica da cidade do Rio de Janeiro, referente ao período imperial (1822-1889), na rede mundial de computadores. Ela deve ser capaz de disponibilizar dados coletados em fontes históricas, em formato de mapas digitais. Essa disponibilização permite que estudantes, pesquisadores e pessoas interessadas em visualizar a história da capital do Império consultem dados e possam interagir com eles. Diante da vastidão de pesquisas relacionadas à capital do império, a ideia, em uma primeira etapa, é priorizar algumas fontes históricas e temas basilares, como o Registro Paroquial de Terras (questão das terras); a evolução da densidade demográfica no espaço da capital, o espraiamento das igrejas católicas e as linhas de transporte/férreas. Dessa forma, como resultado, será possível observar a espacialização das propriedades rurais, as áreas mais ou menos densamente povoadas, as direções e os sentidos da expansão religiosa e a infraestrutura de transporte. Tudo isso resulta na visualização da expansão da capital, suas direções e sentidos, durante o tempo do império. Esse é apenas o primeiro passo rumo à construção de projetos futuros, focados em visualizar eventos espacializáveis, baseados em variadas propostas de investigação. Assim sendo, esta etapa inicial possibilita a construção de uma ferramenta de consulta disponível para estudos de pesquisadores e interessados em mapas para constarem em suas pesquisas. Em conclusão, tem-se as condições ideais para enriquecer as abordagens da história do Rio de Janeiro imperial através da história espacial, a qual continua pouco explorada em nosso recorte. Tal feito pode ser alcançado através dos desdobramentos da chamada virada espacial, pelo SIG histórico.