SOCIEDADE, MOVIMENTOS POPULACIONAIS E DE CULTURAS
A linha de pesquisa examina a sociedade e as relações entre os diversos povos e culturas que, a partir das épocas moderna e contemporânea, produziram constantes trocas entre si. Do ponto de vista da espacialidade, tem como foco as regiões que foram alcançadas pelos processos colonizadores do mundo ibérico, cuja experiência alargou as fronteiras então conhecidas à época, promovendo “um sistema global de trocas” integrando diversos continentes, do século XVI aos dias atuais. O eixo que marca essa linha é a relação entre sociedade e seus movimentos, com destaque para os conceitos de cultura, território e população.
A compreensão da sociedade contempla os seus aspectos gerais, nas relações sociais entre os grupos, e os suas características específicas, que atentam para as particulares das diferentes regiões, espaços e territórios simbólicos e físicos.
A ideia de movimento, por ser aglutinadora e perpassar múltiplas questões, possibilita pensar em amplas formas de mobilidade – de homens e de culturas em vários territórios. Daí a necessidade de se analisar os movimentos populacionais, pensados a partir de uma dupla possibilidade. A primeira seria uma vertente em franco diálogo com a demografia histórica e o uso de métodos quantitativos e qualitativos, de modo a reconhecer fenômenos coletivos e padrões comportamentais, relacionados às origens e aos mecanismos sociais que os sustentam.
Uma segunda abordagem seria entender movimentos populacionais a partir de uma série de fenômenos produzidos pelo trânsito de pessoas por diferentes territórios, ou seja, coletividades ou indivíduos que transitam entre as variadas regiões e culturas. Fenômeno que marca os povos, desde suas origens até os refugiados atuais, os quais levam consigo sempre mais do que carregam em suas bagagens. Suas memórias, práticas sociais, convicções religiosas e manifestações culturais acompanham os seus deslocamentos, engendrando novas organizações sociais.
Os movimentos culturais são considerados espaços de conflitos e trocas envolvendo aspectos ligados à esfera do escrito e da oralidade; relações de poder entre dominados e dominantes; mundos rurais e urbanos e outras possíveis dicotomias que envolvem uma intensa gama de complexidade. Assim, ao examinarmos as diversas práticas culturais partimos da perspectiva da circularidade cultural e da ideia de que as análises devem ser inseridas em sua historicidade e investigadas a partir dos pontos de tensão, interação e negociação.